2005-11-29

LITERATURA - Morena

Os cabelos, longos e rebeldes como se sonham os cabelos, soltos em ondulado que acaricia o seu corpo e que me faz despertar - um despertar estupidamente feliz, ao vê-la no café da manhã.

Morena. Um rosto bonito, agradável nos anos que nele esculpiram traços de verdade, e a cosmética enganadora não vai além dum traço suave nos lábios, que eu imagino sorrirem quando me dizem um discreto olá.

Há nela toques de desalinho irreverente, sedutor, uma ganga de vida que lhe fica bem e a mim bem me cai quando a olho e admiro a suavidade do ondulante moreno dos seus cabelos. Há este encontro de algumas manhãs, café de bairro, há estes minutos bonitos de sentir-me viver.

Morena, vizinha morena, doce que complementa o amargo das manhãs cafeínadas.

Autoria: Carlos Gil