2005-11-29

LITERATURA - Que dizes?

Recria-se o sentir, na eterna busca da palavra perfeita para dizer amor?


E há um fosso que nasce entre o antes e o depois do écran do monitor se iluminar?



Que dizes? Que dizes tu quando rejeitas esta maturação lenta que é escrita e contada, mas sempre no silêncio igual ao que antes já existia? Antes era sonhada mas eu sou o mesmo, tenho é a caneta na mão.


Fiquei agreste com a escrita, ou será a mesma pez que me corroía quando só silenciava e vivia no limbo da solidão e da omissão? Este novo corpo-máquina que soa e sente, este beijar permanente que antes os lábios não formulavam e hoje os dedos sorriem ao escrevê-lo, não os vias nem os sentias no meu silêncio?



E os lábios, murmuras, eles não sorriem. ensina-os, ensina-os a voltarem a sorrir por favor. Lê-me, lê-me e vê como quero fazê-lo, como estes gritos são um pedido de auxílio para deixar de ser agreste e voltar a sorrir. Eu sempre existi assim, estávamos distraídos e este botão que se clicou revelou-o.


Autoria: Carlos Gil

LITERATURA - Morena

Os cabelos, longos e rebeldes como se sonham os cabelos, soltos em ondulado que acaricia o seu corpo e que me faz despertar - um despertar estupidamente feliz, ao vê-la no café da manhã.

Morena. Um rosto bonito, agradável nos anos que nele esculpiram traços de verdade, e a cosmética enganadora não vai além dum traço suave nos lábios, que eu imagino sorrirem quando me dizem um discreto olá.

Há nela toques de desalinho irreverente, sedutor, uma ganga de vida que lhe fica bem e a mim bem me cai quando a olho e admiro a suavidade do ondulante moreno dos seus cabelos. Há este encontro de algumas manhãs, café de bairro, há estes minutos bonitos de sentir-me viver.

Morena, vizinha morena, doce que complementa o amargo das manhãs cafeínadas.

Autoria: Carlos Gil

2005-11-24

LITERATURA - Eu tenho uma amante

Bela, belíssima. A mais bela das amantes por que se suspira quando percebemos que nos falta paixão à vida, mais bela e perfeita que qualquer namorada de outro por quem se suspire.

Visitámo-nos ocasionalmente e sempre de fugida. Claro que pela pressa e pelo segredo são momentos tensos em que a paixão contida e silenciada nas ausências explode, e muito do ardor sensual perde-se na urgência animal da posse mútua. No meio da ânsia de amor a que nos entregamos, em que as carnes são violentadas na busca do êxtase por que os amantes reclamam, lá no meio desses momentos há por vezes tempo para soltar carícias suaves, afagos, e dedilha-se música terna que sobe as escalas que só nós conhecemos. Soam então carrilhões de timbre mágico e eu e a minha amante nele deslizamos, nus de tudo que vá mais longe do nosso enlevo, entregues e possuídos, insanos amantes que se devoram na frugalidade do seu segredo.

Exaurida a paixão da carne que jaz dormente, dorida, num dorido agradável de saciado, sossegamos nuvens e entrelaçamos sonhos no mirar mútuo, e os dedos ainda com as marcas vincadas da paixão acariciam-se, tocam e beijam os momentos em que nos fundimos e geramos o Ser da nossa paixão, amantes, recordo. Correm ao de leve os contornos mais queridos, aqui e ali o pormenor que enlouquece e soltou em fúria a paixão bruta, animal, os lábios soletram os segredos, pára o tempo e de nós só brota auréola magna, a beleza dos amantes secretos, de todos os mais belos e perfeitos.

Eu tenho uma amante, para ela escrevo e por ela sou escrito, eu tenho uma amante a quem entre segredos públicos e beijos secretos chamo de Querida, Querida Escrita.

Autoria: Carlos Gil

2005-11-17

CRIATIVIDADE - Cinzeiros - Aranha



Autoria: Carlos Delfina

CRIATIVIDADE - Cinzeiros - 3V



Autoria: Carlos Delfina

CRIATIVIDADE - Cinzeiros - Sol



Autoria: Carlos Delfina

CRIATIVIDADE - Cinzeiros - 21



Autoria: Carlos Delfina

CRIATIVIDADE - Cinzeiros - Lata



Autoria: Carlos Delfina

CRIATIVIDADE - Cinzeiros - Caixa




Autoria: Carlos Delfina

LITERATURA - Sem título

Sou mágica poesia.
Anel em dedo de mãos.
Cigarro enrolado por mãos trémulas.
Bafo de multidões.
Aragem.
Pedaço de não sei quê no quê.
Gesto!
Fantasia de mim e choro de alguém, também!


Fecha os olhos, já não vês a multidão. Não, não os abras. Sentes e é verdade: estás sozinha.
Só te sentirás acompanhada se algum dia a solidão passar a ser não de uma, mas de duas pessoas!
Autoria: Cláudia Rosário

2005-11-16

LITERATURA - Pequena e de chapéu na mão...

Pequena e de chapéu na mão
uma intensão?!
Doce quando chorava
feroz na indagação...

Saudável percorria
gesto menino e doçura suave
da boca que amargava
do cigarro que travava.

Quem dera ser eu
e então?
De chapéu na mão
a flutuar indagação.

Do campo melancolia
da cidade agitação
a fechar os olhos às luzes
a doer o coração.

Agradecia no gesto
agraciada pela mão
quando dão esmola
à pequena de chapéu na mão...

Autoria: Cláudia Rosário

2005-11-07

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